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Quilombolas mostram origens afro-brasileiras no Encontro Sesc Povos do Mar
ter 21 de agosto de 2018 17:33
No Brasil, negros e negras formaram povoações onde viviam de forma organizada, solidária e mantinham seus costumes africanos. Os quilombos são territórios de ancestralidade afro-brasileira e deram origem a 3.524 comunidades remanescentes em todo o País, de acordo com a Fundação Cultural Palmares. No Ceará, formaram 88 comunidades reconhecidas pelo movimento quilombola.
No Encontro Povos do Mar, promovido pelo Sesc entre 22 e 26 de agosto, e no Encontro Herança Nativa, de 26 a 29, os quilombolas cearenses contam sua história e reafirmam suas origens ao dançar o Bumba-meu-Boi, o reisado e o maracatu. Também vivenciam ritos de matriz africana, como as bênçãos e rezas; explicam a relação da capoeira de senzala com o pertencimento cultural quilombola; mostram suas ações de preservação ambiental e o artesanato feito pelas mulheres negras.
Moradores de povoados centenários participam deste Encontro, como o Quilombo dos Caetanos, formado em Caucaia no ano de 1915, período de um das maiores secas do estado. Atualmente, 80 famílias moram no lugar e guardam a tradição de dançar o reisado todos os anos. O Quilombo dos Caetanos participa desde a primeira edição do Povos do Mar e ajudou a incluir novos grupos nesta iniciativa de preservação cultural.
“Em Caucaia, há 10 comunidades remanescentes de quilombo, 9 certificadas e reconhecidas pela Fundação Palmares. Queremos fortalecer outras comunidades no trabalho social do Sesc com os povos tradicionais”, afirma Isabel Cristina Silva da Sousa, quilombola.
O grupo de capoeira chamado Raízes do Quilombo se apresenta e seu professor, Helber Rocha Rufino, ensina as particularidades desta luta ancestral. “A capoeira jogada dentro do quilombo é diferente, veio do Recôncavo Baiano é conhecida como capoeira de Senzala. É uma capoeira primitiva que os negros desenvolviam como forma de resistência, de preservação da cultura afro-brasileira”, diz ele.
Ensinar as rezas
Quando não havia atendimento de saúde para os negros do quilombo, eram as mulheres rezadeiras como Maria Verônica Oliveira da Silva, 60 anos, que acudiam os doentes. Ela aprendeu com a mãe que a semente de gerimum e de gergelim são eficazes contra as infecções parasitárias, e que a batata de purga, uma espécie mandioca retirada apenas na primeira semana de agosto, serve para limpar o sangue. “No meu tempo não tinha médico, só as rezadeiras que ensinavam remédios do mato”, diz a idosa.
Ela é uma das mediadoras do Conversas Flutantes, debates realizados dentro de embarcações em navegação pelo Rio Ceará, que acontecem na segunda-feira (27) e na terça (28) às 14h, com saída da Foz do Rio Ceará (Píer da Barra do Ceará).
Conheça o Povos do Mar e Herança Nativa
Projetos pioneiros de fortalecimento, defesa das identidades, preservação de memórias e fortalecimento das comunidades costeiras, povos tradicionais negros, indígenas, ciganos e sertanejos do Ceará. Participam 1.500 representantes de 300 comunidades, com a expectativa de que cerca de 5 mil pessoas visitem a programação como visitantes.
Serviço:
Encontro Povos do Mar
Período: 22 a 26 de agosto
Local: Sesc Iparana Hotel Ecológico (Rua José Alencar, nº 150 – Praia de Iparana – Caucaia-CE)
Informações e programação: http://www.sesc-ce.com.br/povos-do-mar-heranca-nativa/ ou 0800.275.5250
Encontro Herança Nativa
Período: 26 a 29 de agosto
Local: Sesc Iparana Hotel Ecológico (Rua José Alencar, nº 150 – Praia de Iparana – Caucaia-CE)
Informações e programação: http://www.sesc-ce.com.br/povos-do-mar-heranca-nativa/ ou
0800.275.5250
Participação das Comunidades Quilombolas
Dia 23/8, às 10h – Vivência Com Tambores Afro. Com Adjoké Matos. No Sesc Iparana Hotel Ecológico (Rua José Alencar, nº 150 – Praia de Iparana – Caucaia-CE)
23/8, às 14h – Vivência das rezadeiras e rezadores Quilombolas. No Sesc Iparana Hotel Ecológico (Rua José Alencar, nº 150 – Praia de Iparana – Caucaia-CE)
24/8, 14h às 17h. II Seminário Sesc Povos do Mar: Socialização das Práticas e Saberes das Comunidades Litorâneas. Mesa 6: Cultura Quilombola
Tema 1: Pertencer, resisitir e vivenciar: protagonismo da identidade da cultura quilombola no Estado do Ceará| Isabel Cristina Sousa | Quilombo Caetanos, Caucaia
Tema 2: Direito Humanos e a liberdade religiosa: casos de intolerância (relatos de experiência)| Luiza da Costa | Quilombo Caetanos, Caucaia
Tema 3: Sem cultura, somos um povo sem história| Maria Creuza Sousa | Quilombo de Bouqueirãozinho, Caucaia
Após a Mesa haverá o momento Protagonismo das mulheres quilombolas: respeite os meus cabelos, minha identidade cultura e meu pertencimento (Oficina) | Lucilene Abreu | Caucaia.
Local: Sesc Iparana Hotel Ecológico (Rua José Alencar, nº 150 – Praia de Iparana – Caucaia-CE)
24/8,14h30 às 16h. Práticas alimentares – é de comer rezando: alimento de corpo e alma – Culinária Tradicional Quilombola – Creme de Galinha com Biomassa de Banana | Local: Cozinha Experimental 1 | Francisco Josimar | Comunidades quilombolas de Caucaia.
Local: Sesc Iparana Hotel Ecológico (Rua José Alencar, nº 150 – Praia de Iparana – Caucaia-CE)
Dia 27 /8, às 14h, Vivência Náutica Conversas Flutuantes
Palestra 1: Raízes Quilombolas ou chão que piso e a terra que fortalece a História do nosso povo | Antônia Maria Silva de Sousa
Palestra 2: A importância do artesanato quilombola e suas raízes históricas nos Quilombos| Cristiane Freitas Veras
Palestra 3: Minhas Rezas, Minhas Bênçãos| Maria Verônica Oliveira da Silva
Palestra 4: Sustentabilidade e Proteção Ambiental nos Quilombos de Caucaia – 1ª Comunidade Quilombola Serra da Rajada| Gilcilene Ferreira Furtado
Palestra 5: O Protagonismo Feminino nas Comunidades Quilombolas| Francinelma Ribeiro da Silva 49
Palestra 6: O Quilombo na Roda de Capoeira| Helber Rocha Rufino
Palestra7: Mulheres resistem, Mulheres vivem, artesãs na construção do empoderamento feminino quilombola| Maria da Conceição da Silva Oliveira Morais
Palestra 8: Quilombos existem, Quilombos vivem: Minha Historia Quilombola, Quem sou Eu, sou a Resistência desse Brasil| Luciana Dias de Sousa.
Local: Saída do Píer da Barra do Ceará (Avenida Radialista José Lima Verde, 746 – Barra do Ceará)
28/8, às 14. Vivência Náutica Conversas Flutuantes
Palestra 4: Nossa Terra, a mãe Natureza, a Água Símbolo sagrado da vida: os Quilombos vivem na busca de seus territórios porque a ancestralidade vive em nossas raízes quilombolas| Isabel Cristina Silva de Sousa | Cristina Quilombola. Local: Saída do Píer da Barra do Ceará.
Local: Saída do Píer da Barra do Ceará (Avenida Radialista José Lima Verde, 746 – Barra do Ceará).
Sobre os 70 anos do Sistema Fecomércio
Após o período da Segunda Guerra o Brasil passou por grandes desafios. O Estado não conseguia atender à crescente demanda por serviços sociais, nem acompanhar o novo contexto do mercado de trabalho. Deste modo, em maio de 1945, representantes empresariais da indústria, comércio e agricultura, realizam em Teresópolis, a primeira Conferência das Classes Produtoras (CONCLAP). Nesse encontro elaboram uma proposta ousada de custeio dos serviços sociais e da educação profissional para os trabalhadores com recursos das classes patronais. A Carta da Paz Social foi o documento que formalizou as diretrizes para o desenvolvimento econômico com justiça social. Nascia assim, a partir da iniciativa do empresariado, o Sistema S, o maior Sistema de desenvolvimento social do mundo.
No Ceará, em 16 de março de 1948, o empresário Clóvis Arrais Maia fundou a Federação do Comércio com a finalidade de unir lideranças do setor para colaborarem com a educação profissional e a qualidade de vida dos trabalhadores. No mesmo ano, a Fecomércio implanta o Sesc e o Senac instituições mantidas pelos empresários do comércio que ofertam serviços sociais e educam para o comércio de bens, serviços e turismo.