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Ciganos mostram danças, costumes e rituais no Encontro Sesc Herança Nativa

dom 26 de agosto de 2018 10:00
De 26 a 29 de agosto, o Sesc recebe povo Calon em Iparana.
Na mistura cultural brasileira, formada por tantos povos, estão presentes também as comunidades ciganas. Cerca de meio milhão de pessoas tem origem destes grupos nômades, que chegaram ao Brasil ainda na época da colonização e se espalharam pelo território, guardando até hoje seu dialeto próprio, suas danças e místicas.
Estes grupos tradicionais compõem o mosaico cultural do Encontro Herança Nativa, promovido pelo Sesc. Os representantes das famílias ciganas realizam palestras, dançam e cantam músicas tradicionais, mostram suas práticas alimentares, fazem oficinas de quiromancia, de 25 a 29 de agosto, em Iparana.
No estado do Ceará, predominam os ciganos da etnia Calon, enviados pela corte portuguesa ainda no século XVI, conforme os registros históricos divulgados pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
Muitos destes grupos andarilhos formaram comunidades e hoje estão presentes em 44 municípios cearenses, de acordo com a cartografia da Associação de Preservação da Cultura Cigana do Estado do Ceará (Asprecce), que estima o contingente de dois mil ciganos no estado.
“Somos ciganos, somos brasileiros, fazemos parte da história do Brasil, porém muita gente não nos conhece”, diz o cigano calon Rogério Ribeiro, presidente da Asprecce e representante da comunidade cigana de Caucaia, localizada no distrito de Catuana.
Danças e dialeto
No Herança Nativa, Rogério fala sobre o desejo das comunidades ciganas de romper os estigmas e afirmar sua identidade. “Não queremos mais ser ridicularizados pela nossa forma de ser, agir e viver”, afirma. O preconceito limita a aproximação com estas comunidades, que têm uma cultura milenar, preservam seu dialeto, o chibi, e aos poucos vão resgatando antigas expressões culturais.
Em Caucaia, o resgate da dança flamenca é uma das formas que as famílias têm encontrado para mostrar a alegria dos ciganos, diz Renata Célia Sampaio, formadora do grupo Magia Cigana. Ela explica que, para as jovens, a dança foi uma forma afirmação cultural “Quando vestiram as roupas e dançaram, as meninas começaram a autoidentificar”, diz ela. No Herança Nativa, elas fazem apresentação de dança com as longas saias, pandeiros, leques e a bandeira cigana.
Comidas, música e quiromancia
Em Sobral, uma comunidade Calon mora há quase cem anos, reunidos no bairro Sumaré, onde vivem cerca de 80 pessoas. Francisca das Chagas Cruz, de 60 anos, chegou ali em 1972, aos 12 anos de idade. Na infância, foi um dos “ciganos de barraca”, sua família vivia migrando pelas cidades, seguindo a rota que seu avô escolhia. “A gente andava em lombo de jumento, vivia de troca, venda e leitura de mão. Vivia em acampamento, acendia a fogueira debaixo da árvore”.
Ao contrário da imagem de que são arredios, Francisca diz que, na verdade, são um povo inofensivo e amigável. “Cigano é um povo alegre, gosta de se divertir, de cantar, sabe dançar”, diz ela. Para festejar, os ciganos apreciam o banquete com leitão assado, o balichon. No Encontro, ensinam a preparar este prato e também um levam um violeiro para mostrar a música tradicional. “Somos um povo feliz e a felicidade do cigano é estar comendo e bebendo ao lado da sua família”, diz Francisca.
A tradição de predizer o futuro na leitura da mão, nos búzios e cartas também é mostrada pelos ciganos de Sumaré. Francisca diz que muitas pessoas buscam os rituais em busca de amor, saúde e fortuna.“Magia cigana é feita com orações e preces, não trabalha para fazer mal a ninguém”, explica ela.
Serviço:
Encontro Sesc Povos do Mar – 22/8 a 26/8
Encontro Sesc Herança Nativa – 26/8 a 29/8
Local: Sesc Iparana Hotel Ecológico (Rua José Alencar, nº 150 – Praia de Iparana – Caucaia-CE)
Informações e programação: http://www.sesc-ce.com.br/povos-do-mar-heranca-nativa/ ou 0800.275.5250
Sobre os 70 anos do Sistema Fecomércio
Após o período da Segunda Guerra o Brasil passou por grandes desafios. O Estado não conseguia atender à crescente demanda por serviços sociais, nem acompanhar o novo contexto do mercado de trabalho. Deste modo, em maio de 1945, representantes empresariais da indústria, comércio e agricultura, realizam em Teresópolis, a primeira Conferência das Classes Produtoras (CONCLAP). Nesse encontro elaboram uma proposta ousada de custeio dos serviços sociais e da educação profissional para os trabalhadores com recursos das classes patronais. A Carta da Paz Social foi o documento que formalizou as diretrizes para o desenvolvimento econômico com justiça social. Nascia assim, a partir da iniciativa do empresariado, o Sistema S, o maior Sistema de desenvolvimento social do mundo.
No Ceará, em 16 de março de 1948, o empresário Clóvis Arrais Maia fundou a Federação do Comércio com a finalidade de unir lideranças do setor para colaborarem com a educação profissional e a qualidade de vida dos trabalhadores. No mesmo ano, a Fecomércio implanta o Sesc e o Senac instituições mantidas pelos empresários do comércio que ofertam serviços sociais e educam para o comércio de bens, serviços e turismo.