O Encontro Herança Nativa promovido pelo Sesc reúne comunidades indígenas, quilombolas, sertanejas, ciganas e de diversas outras culturas tradicionais do Ceará para mostrarem as danças, cantos, comidas, rituais e artesanatos singulares de seu povo. A troca de experiências entre pessoas de diferentes costumes ajuda a valorizar a memória social dessas etnias e a preservar o patrimônio histórico do nosso estado.
Assim, visando promover uma maior integração entre os participantes, na manhã desta segunda-feira (27/8) foram realizadas diversas atividades no Sesc Iparana Hotel Ecológico:
No Círculo de Cultura, reunião em que os anciãos indígenas explicam os mistérios da cura espiritual, a ancestralidade e a violação de direitos dos povos tradicionais, a mesa foi formada por caciques de diversas tribos, que exploraram o tema “Troncos Velhos: da Semente à Raiz”.
“Achei muito bonita a participação das escolas no evento, pois os alunos têm a chance de levar aos outros tudo que ouviram da gente sobre nossas vivências, remédios, pinturas e a rotina do que acontece na nossa aldeia”, disse o cacique Maurício, da tribo Pitaguary, que participa pela primeira vez do encontro.
Nas Oficinas Saberes e Artesanias houve a produção de colares e brincos feitos pela índia Ângela Maria da etnia Anacé. Também foram criados artesanatos com sementes tradicionais com destaque para os objetos ornamentados com mucunã. A arte foi ensinada pela índia Maria de Fátima da tribo Tubiba Tapuia de Monsenhor Tabosa. Vestimentas indígenas com palhas e outros adereços naturais foram confeccionadas por Francisca Dias da aldeia de Tabajara, um trabalho belo e delicado que expõe as características do seu povo.
Houve ainda a realização de Turismo Ecológico para visitação da Reserva Indígena do Povo Anacé, localizada no município de Caucaia, região metropolitana de Fortaleza/CE, formada pelas aldeias de Baixa das Carnaúbas, Currupião, Matões e Bolso, do povo indígena Anacé. Com 543 hectares, a reserva conta com 163 unidades habitacionais e com uma infraestrutura que contempla escola e posto de saúde de padrões indígenas, energia elétrica, água, esgoto e drenagem.
Na Roda de Conversa foi debatida “A cultura do Sertão no território de São Gonçalo de Quiterianópolis”, município localizado na região dos inhamuns ficando aproximadamente a 410 km da capital cearense. Na ocasião, a família indígena Kariri do Crato compartilhou com os presentes um pouco da sua história contando sobre as tradições culturais do lugar onde mora.
A atração musical ficou por conta dos artistas Mestre Totó de Novo Oriente, Mestre Luiz Adão e Antônio Lourenço de Quiterianópolis, Jean de Juazeiro do Norte e Manoel Lopes de Tauá, que ao som da Rabeca deslizaram nas águas do Rio Ceará, palco do Projeto Sesc Conversas Flutuantes, que promove passeios de barco com diálogos temáticos sob o encontro do rio com o mar, na Barra do Ceará.
Na gastronomia foi servido Mugunzá Salgado, prato preparado pela etnia Tubiba Tapuia, do município de Monsenhor Tabosa. “Esse é um prato muito conhecido que leva milho, feijão, bacon, linguiça, cheiro verde, sal e alguns outros ingredientes, sempre preparado em nossa aldeia. Uma tradição que mantemos em nosso povo e trouxemos aqui hoje para mostrar aos visitantes e não deixar morrer esse costume”, explicou José Elias Nascimento, índio da tribo Tubiba Tapuia.
A programação não para por aqui. Uma série de ações ainda estão por vir, serão vivências, apresentações socioculturais, oficinas, rodas de conversa e muito mais até o dia 29/8. Não perca!
Influência indígena na cultura popular brasileira
Uma das maiores influências culturais do Brasil e do Ceará veio dos índios, povo nativo que habitava o país antes da colonização. Desde gestos mais simples, como deitar em redes e preparar pratos como tapioca e pirão de peixe, até usos medicinais com plantas nativas e crenças no folclore, são legados de origem indígena.
Eles também deixaram sua marca na música brasileira, na culinária, nas festas populares, no artesanato e na língua. Segundo dados resultantes do último Censo realizado pelo IBGE em 2010 e da FUNAI, vivem atualmente no Brasil mais de 900 mil índios, o correspondente a cerca de 0,4% da população brasileira, os quais estão distribuídos entre terras indígenas e algumas áreas urbanas. Só no Ceará já são mais de 22 mil índios divididos em 14 etnias.
A quarta edição do Encontro Herança Nativa busca valorizar e difundir as culturas dos povos indígenas cearenses que estão organizados em 18 municípios, apresentando seus saberes fitoterápicos, ritos e festejos. O evento reúne culturas dos povos Tremembé, Tapeba, Jenipapo-Kanindé, Pitaguary, Kalabaça, Tapuia Kariri, Tubiba Tapuia, Gavião, Anacé, Kariri, Potyguara, Tabajara, Kanindé e Tupinambá, que participam da programação do Sesc através de processos dialógicos.
O Encontro Povos do Mar é realizado pelo Sesc, instituição do Sistema Fecomércio, criado e mantido pelos empresários do comércio de bens, serviços e turismo do Estado do Ceará
Serviço:
Encontro Sesc Herança Nativa – 26/8 a 29/8
Local: Sesc Iparana Hotel Ecológico (Rua José Alencar, nº 150 – Praia de Iparana – Caucaia-CE)
Informações e programação: http://www.sesc-ce.com.br/povos-do-mar-heranca-nativa/ ou 0800.275.5250