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Quilombolas mostram origens afro-brasileiras no Encontro Sesc Povos do Mar
Quilombolas mostram origens afro-brasileiras no Encontro Sesc Povos do Mar

No Brasil, negros e negras formaram povoações onde viviam de forma organizada, solidária e mantinham seus costumes africanos. Os quilombos são territórios de ancestralidade afro-brasileira e deram origem a 3.524 comunidades remanescentes em todo o País, de acordo com a Fundação Cultural Palmares. No Ceará, formaram 88 comunidades reconhecidas pelo movimento quilombola.

No Encontro Povos do Mar, promovido pelo Sesc entre 22 e 26 de agosto, e no Encontro Herança Nativa, de 26 a 29, os quilombolas cearenses contam sua história e reafirmam suas origens ao dançar o Bumba-meu-Boi, o reisado e o maracatu. Também vivenciam ritos de matriz africana, como as bênçãos e rezas; explicam a relação da capoeira de senzala com o pertencimento cultural quilombola; mostram suas ações de preservação ambiental e o artesanato feito pelas mulheres negras.

Moradores de povoados centenários participam deste Encontro, como o Quilombo dos Caetanos, formado em Caucaia no ano de 1915, período de um das maiores secas do estado. Atualmente, 80 famílias moram no lugar e guardam a tradição de dançar o reisado todos os anos. O Quilombo dos Caetanos participa desde a primeira edição do Povos do Mar e ajudou a incluir novos grupos nesta iniciativa de preservação cultural.

“Em Caucaia, há 10 comunidades remanescentes de quilombo, 9 certificadas e reconhecidas pela Fundação Palmares. Queremos fortalecer outras comunidades no trabalho social do Sesc com os povos tradicionais”, afirma Isabel Cristina Silva da Sousa, quilombola.

O grupo de capoeira chamado Raízes do Quilombo se apresenta e seu professor, Helber Rocha Rufino, ensina as particularidades desta luta ancestral. “A capoeira  jogada dentro do quilombo é diferente, veio do Recôncavo Baiano é conhecida como capoeira de Senzala. É uma capoeira primitiva que os negros desenvolviam como forma de resistência, de preservação da cultura afro-brasileira”, diz ele.

Ensinar as rezas

Quando não havia atendimento de saúde para os negros do quilombo, eram as mulheres rezadeiras como Maria Verônica Oliveira da Silva, 60 anos, que acudiam os doentes. Ela aprendeu com a mãe que a semente de gerimum e de gergelim são eficazes contra as infecções parasitárias, e que a batata de purga, uma espécie mandioca retirada apenas na primeira semana de agosto, serve para limpar o sangue. “No meu tempo não tinha médico, só as rezadeiras que ensinavam remédios do mato”, diz a idosa.

Ela é uma das mediadoras do Conversas Flutantes, debates realizados dentro de embarcações em navegação pelo Rio Ceará, que acontecem na segunda-feira (27) e na terça (28) às 14h,  com saída da Foz do Rio Ceará (Píer da Barra do Ceará).

Conheça o Povos do Mar e Herança Nativa

Projetos pioneiros de fortalecimento, defesa das identidades, preservação de memórias e fortalecimento das comunidades costeiras, povos tradicionais negros, indígenas, ciganos e sertanejos do Ceará. Participam 1.500 representantes de 300 comunidades, com a expectativa de que cerca de 5 mil pessoas visitem a programação como visitantes.

O Encontro Povos do Mar é realizado pelo Sesc, instituição do Sistema Fecomércio, criado e mantido pelos empresários do comércio de bens, serviços e turismo do Estado do Ceará

Serviço:

Encontro Povos do Mar

Período: 22 a 26 de agosto

Local: Sesc Iparana Hotel Ecológico (Rua José Alencar, nº 150 – Praia de Iparana – Caucaia-CE)

Informações e programação: http://www.sesc-ce.com.br/povos-do-mar-heranca-nativa/ ou 0800.275.5250

Encontro Herança Nativa

Período: 26 a 29 de agosto

Local: Sesc Iparana Hotel Ecológico (Rua José Alencar, nº 150 – Praia de Iparana – Caucaia-CE)

Informações e programação: http://www.sesc-ce.com.br/povos-do-mar-heranca-nativa/ ou

0800.275.5250

Participação das Comunidades Quilombolas

Dia 23/8, às 10h – Vivência Com Tambores Afro. Com Adjoké Matos. No Sesc Iparana Hotel Ecológico (Rua José Alencar, nº 150 – Praia de Iparana – Caucaia-CE)

23/8, às 14h – Vivência das rezadeiras e rezadores Quilombolas. No Sesc Iparana Hotel Ecológico (Rua José Alencar, nº 150 – Praia de Iparana – Caucaia-CE)

24/8, 14h às 17h. II Seminário Sesc Povos do Mar: Socialização das Práticas e Saberes das 

Comunidades Litorâneas. Mesa 6: Cultura Quilombola

Tema 1: Pertencer, resisitir e vivenciar: protagonismo da identidade da cultura quilombola no Estado do Ceará| Isabel Cristina Sousa | Quilombo Caetanos, Caucaia

Tema 2: Direito Humanos e a liberdade religiosa: casos de intolerância (relatos de experiência)| Luiza da Costa | Quilombo Caetanos, Caucaia

Tema 3: Sem cultura, somos um povo sem história| Maria Creuza Sousa | Quilombo de 

Bouqueirãozinho, Caucaia

Após a Mesa haverá o momento Protagonismo das mulheres quilombolas: respeite os meus cabelos, minha identidade cultura e meu pertencimento (Oficina) | Lucilene Abreu | Caucaia.

Local:  Sesc Iparana Hotel Ecológico (Rua José Alencar, nº 150 – Praia de Iparana – Caucaia-CE)

24/8,14h30 às 16h. Práticas alimentares – é de comer rezando: alimento de corpo e alma – Culinária Tradicional Quilombola – Creme de Galinha com Biomassa de Banana | Local: Cozinha Experimental 1 | Francisco Josimar | Comunidades quilombolas de Caucaia.

Local: Sesc Iparana Hotel Ecológico (Rua José Alencar, nº 150 – Praia de Iparana – Caucaia-CE)

Dia 27 /8, às 14h, Vivência Náutica Conversas Flutuantes

Palestra 1: Raízes Quilombolas ou chão que piso e a terra que fortalece a História do nosso povo | Antônia Maria Silva de Sousa

Palestra 2: A importância do artesanato quilombola e suas raízes históricas nos Quilombos| Cristiane Freitas Veras

Palestra 3: Minhas Rezas, Minhas Bênçãos| Maria Verônica Oliveira da Silva

Palestra 4: Sustentabilidade e Proteção Ambiental nos Quilombos de Caucaia – 1ª Comunidade Quilombola Serra da Rajada| Gilcilene Ferreira Furtado

Palestra 5: O Protagonismo Feminino nas Comunidades Quilombolas| Francinelma Ribeiro da Silva 49

Palestra 6: O Quilombo na Roda de Capoeira| Helber Rocha Rufino

Palestra7: Mulheres resistem, Mulheres vivem, artesãs na construção do empoderamento feminino quilombola| Maria da Conceição da Silva Oliveira Morais

Palestra 8: Quilombos existem, Quilombos vivem: Minha Historia Quilombola, Quem sou Eu, sou a Resistência desse Brasil| Luciana Dias de Sousa.

Local: Saída do Píer da Barra do Ceará (Avenida Radialista José Lima Verde, 746 – Barra do Ceará)

28/8, às 14. Vivência Náutica Conversas Flutuantes

Palestra 4: Nossa Terra, a mãe Natureza, a Água Símbolo sagrado da vida: os Quilombos vivem na busca de seus territórios porque a ancestralidade vive em nossas raízes quilombolas| Isabel Cristina Silva de Sousa | Cristina Quilombola. Local: Saída do Píer da Barra do Ceará.

Local: Saída do Píer da Barra do Ceará (Avenida Radialista José Lima Verde, 746 – Barra do Ceará).