Três olhares que se cruzam com as belezas da Barra do Ceará. Entre conversas flutuantes pelas águas do Rio Ceará e as histórias de barqueiros, pescadores e suas famílias, da fauna e da flora local, Sávio Sampaio, Francisca Maria e Luiz Carlos encontraram fontes intermináveis para montar as suas composições fotográficas.
Esses registros, que expressam a importância do santuário natural para diversas espécies e sobrevivência para muitos pescadores, protagonizam a Exposição “Rio Ceará e O Barqueiro: a resistência continua”, que será lançada dia 14 de dezembro, às 09h30, no Restaurante Albertu´s, dentro da programação do 11º Encontro Sesc Povos do Mar.
A narrativa da fotografia desses artistas tem como ponto em comum a vivência náutica Conversas Flutuantes, promovida pelo Sesc em parceria com os barqueiros da Barra do Ceará, bairro mais antigo de Fortaleza. Ali, em um passeio pelas águas do rio, o guia conta a origem do manancial com extensão de 60km, curiosidades como as salinas que funcionaram até a década de 60 e o primeiro aeroporto (Hidro aeroplano ou Hidroavião) de Fortaleza que funcionou até os anos 40, o vínculo com os índios Tapebas, entre tantas outras histórias.
Para Sávio Sampaio, essa relação com a Barra teve início na infância, quando aos finais de semana, ia com o irmão se banhar naquelas águas, passear de canoa e construir memórias. Mais tarde, já adulto e movido por um desafio do curso de fotografia da Casa Amarela da UFC esses momentos foram revisitados por ele, acompanhados de novos integrantes: Sr. Alberto, Paulo Leitão e o projeto Conversas Flutuantes do Sesc Ceará.
“Eu estava ali pela primeira vez, recebendo aula de conhecimento e fazendo os registros de toda a reunião. Durante esse percurso, eu ia interagindo e fotografando os participantes, os pescadores, as paisagens deslumbrantes. Foi uma manhã inesquecível! A partir deste dia, eu fiquei sendo convidado pelo Sr. Alberto, sempre que tinha passeios, fiz muitas amizades com as pessoas da Barra, com os pescadores, com os guias dos barcos que eram pessoas da comunidade”, conta.
Entre travessias e vivências, foi surgindo o acervo fotográfico de Sávio Sampaio que leva o Rio Ceará e seus encantos para o mundo através da arte. “As fotos da Barra do Ceará foram as que mais me projetaram na fotografia. Eu gosto de fazer fotos ali porque a cada dia o cenário é diferente, aquelas paisagens que se modificam a cada maré, a cada amanhecer, a cada pôr do sol”, relata.
Sempre bem recebido pelos moradores da Barra, o fotógrafo se tornou quase um embaixador do local, organizando passeios, convidando colegas de profissão para conhecer e divulgar as belezas do Rio Ceará. “As pessoas ficam encantadas com aquela vista deslumbrante dentro de Fortaleza e que a maioria não conhece”.
Foi também a partir do Conversas Flutuantes que Sávio conheceu Francisca Maria da Silva, moradora da Barra e fotógrafa amadora que, desde 2018, vem se aprofundando e registrando a fauna e flora no entorno do Rio Ceará. Dela também são fotografias que integram a Exposição. Formada em administração de empresas, Francisca também aproveita os passeios de barcos para eternizar a vida da região.
Um dos convites que Sávio fez para um passeio pelo rio foi para o também fotógrafo Luiz Carlos Freire. Desde então, os dois fotografam a Barra juntos. O artista já participou de concursos, exposições, editais de arte e cultura, aperfeiçoando seu olhar e construindo narrativas mais críticas ao longo dos anos. Luiz Carlos percorre os caminhos da fotografia documental, de viagens, paisagens e natureza, direcionando seu olhar para o gênero social. “Acredito que através da fotografia é possível conhecer e viver uma realidade para muito além do previsível”, afirma.
Os registros desse trio de fotógrafos que exaltam a Barra do Ceará podem ser apreciados onde tudo começou, na encosta do rio, no Restaurante Albertu´s, durante o 11º Encontro Sesc Povos do Mar.
