Grupos étnicos apresentam indumentárias tradicionais no Encontro Sesc Povos do Mar - Sesc

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Grupos étnicos apresentam indumentárias tradicionais no Encontro Sesc Povos do Mar

seg 23 de setembro de 2019 14:55

Mostra de Vestimentas explica o simbolismo de roupas e adereços

Pertencimento étnico e cultura popular expressa em roupas, adereços e pinturas corporais é o que a Mostra de Vestimentas Tradicionais vai evidenciar no 9º Encontro Sesc Povos do Mar, que acontece de 22 a 26 de setembro na reserva ecológica em Iparana. No dia 26/9, às 9h, representantes dos povos originários do Ceará e comunidades costeiras se reúnem em um Círculo de Cultura para explicar o simbolismo de cada objeto para o seu grupo. Povos indígenas, quilombolas, ciganos, rendeiras e jangadeiros contam como as peças e adornos materializam suas raízes e demonstram resistência.

A proposta do Encontro anual realizado pelo Sesc é fortalecer o reconhecimento identitário e as memórias dos povos do Ceará, para isso incluiu a Mostra na programação, que tem mais de cem ações educativas protagonizadas abertas ao público. “Será uma vivência em que pessoas falam sobre suas indumentárias e mostram suas peças e a história social vinculada a elas”, explica Paulo Leitão, consultor do Sesc para projetos especiais e um dos idealizadores do Encontro. A maioria das peças serão trazidas, tanto para exibição, quanto comercialização nas feiras de artesanato.

Indígenas

Mais do que simples enfeites, os cocares e colares indígenas representam o elo com a espiritualidade, explica a professora Margarida Tapeba. “Cocar é símbolo da nossa conexão com o Grande Espírito e, quando é feito, passa por um ritual de purificação”. Seja nos ritos sagrados ou no cotidiano, quando utilizados trazem autoestima para as pessoas da etnia. “Nossos adereços, colares, cocares e maracás também nos trazem elegância nas festas do nosso povo para estarmos bem apresentados diante dos nossos ancestrais”, explica ela. Os acessórios são feitos de carnaúba, fibra mais abundante no território e chamada pelos nativos de tucum, quando a palha ainda está jovem para ser trançada em fios.

A pintura corporal, feita com urucum e o extrato de jenipapo, carrega significados que somente os indígenas sabem decifrar: o peixe significa fartura; a pedra simboliza a cura e a cobra-coral é a representação de um dos espíritos encantados. A tintura natural é feita com o sumo do jenipapo, o fruto é colhido no tempo certo, triturado no pilão ou no moinho, evaporado ao sol para extrair o líquido preto-azulado. “A pintura mostra na pele quem você é, traz sentimento de pertença e de representação do seu grupo étnico”, afirma a líder Tapeba.

Quilombolas

A comunidade remanescente de quilombo localizada na Serra do Juá, em Caucaia, estará presente na Mostra de Vestimentas Tradicionais do Encontro Povos do Mar mostrando a tradição da estamparia Pano de Pente, oriunda das etnias Manjaco e Papel, de Guiné Bissau. A professora e pesquisadora de pertencimento afro-quilombola, Claúdia Oliveira da Silva, explica que a pintura em tecido era feita para contar a história das famílias. Adaptada para uma oficina sobre memórias e em uma exposição de artes plásticas, a vestimenta conta a história das comunidades quilombolas.

Do Quilombo Capuan, também de Caucaia, as vestes relacionadas às religiões de matriz africana, como a caftas e turbantes são apresentados no círculo de cultura. “Para os quilombolas, o significado do turbante é de uma coroa”, explica Isabel Cristina Silva de Sousa, representante da comunidade. Os trajes das cirandeiras, como as saias rodadas, também são significativas da cultura no quilombo.


Ciganos

Vestido de saia rodada, colorida, com babados em estilo Andaluz, colares e brincos dourados e maquiagem é como as mulheres ciganas, as calins, gostam de se vestir, explica a artesã Cristiane Cavalcante Viana. Sua família cigana de Aquiraz, e outros grupos Calon de Pindoretama e Sobral participam do Encontro e mostram peças de artesanato, saias, vestidos, camisas, brincos e sandálias representando os grupos que habitam mais de 60 municípios do Ceará.

Cristiane explica que é da cultura deles vestir-se de forma alegre, como no Dia de Santa Sara de Kali, comemorado em 24 de maio, mas sentem-se reprimidos pela discriminação que sentem nas ruas. “Alguns de nós estão se vestindo como os jurons, os não-ciganos, para fugir do racismo”, diz ela.

O artesanato é historicamente uma forma de renda para que as mulheres não dependessem somente da quiromancia, por isso o Instituto Cigano do Brasil (ICB) elaborou o projeto “Mulheres Ciganas Artesãs Empreeendedoras” para valorização da sua identidade. No encontro do Sesc elas terão espaço para expor os artefatos. “O Encontro Povos do Mar e Herança Nativa nos dá visibilidade”, explica Rogerio Ribeiro Nascimento, presidente do ICB.

Serviço

IX Encontro Sesc Povos do Mar
Data: 22 a 26 de setembro
Horário: 7h30 às 22h
Local: Sesc Iparana Hotel Ecológico (Av. José de Alencar, 150 – Caucaia)
Aberto ao público
Programação no site:https://www.sesc-ce.com.br/povos-do-mar-heranca-nativa/
Mostra de Vestimenta Tradicionais
Data: 26/9
Horário: 9h

Indígenas
Quilombolas
Ciganos
Jangadeiros
Reisados
Maracatus
Papangus
Rendeiras

Acesso Rápido

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